terça-feira, 9 de junho de 2015

UFSCAR-UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DED – DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR
          NOME DA CURSISTA: Eliana da Costa Caffer Markies
TURMA: Grupo 1          PÓLO: AT8 São Carlos
AT9.PV-terceira seção do TCC

Neste  último capitulo tentarei resgatar  a trajetória deste curso desde o momento da seleção até a produção do TCC, contemplando a aproximação com a comunidade escolar, a formação profissional  em serviço e a relaboração de nosso Projeto Político Pedagógico.
Quando me interessei por este curso, foi pelo fato de já ter feito os dois módulos do curso de Conselhos escolares, pela UFSCAR e ter visto este curso da Escola de Gestores  que muito me chamou a atenção por vir de encontro com meus interesses de estar sempre tentando melhorar profissionalmente. Na verdade pensei que o curso fosse somente EAD, não sabia que teríamos encontros presenciais e também optei pelo Pólo de São Carlos por desconhecer que poderia fazer em outro Pólo mais próximo de Lins, onde resido.
Também tinha preenchido uma ficha de inscrição dentro do projeto Mais Educação do governo Federal, que atende escolas com baixo índice de IDEB, me interessando como gestora para fazer o curso de especialização na área de gestão escolar oferecido pela Escola de Gestores, enfim o mais importante é consegui faze este curso e que ele acrescentou em muito nos meus conhecimentos e na minha prática enquanto gestora.
Ao iniciar o curso pude entender que na verdade não fui a escolhida para o curso e sim a escola a qual sou gestora é que foi a escolhida.
Esta é a terceira pós-graduação que faço na área de Gestão Escolar, na verdade meu maior desejo era fazer um mestrado nesta área, mas ainda não tive a oportunidade. Sou gestora efetiva (concurso público) a doze anos e nesta  escola onde estou hoje vim removida em 2010, assim são cinco anos mas que na verdade conto como se fosse mais pois nela estudei do 1º a 8ª série. Depois voltei como professora alfabetizadora por 10 anos e hoje tenho a oportunidade de junto com meus colegas de trabalho, atender ex alunos que hoje já tem filhos ali estudando, comunidade escolar, funcionários e assim posso estar ali continuando uma história que também não terminará comigo. Muitos colegas de trabalho consideram a escola onde são diretores como sua propriedade, lugar onde desenvolvem uma relação de poder, mas vejo a escola como eu estando ali, como uma situação do presente, que mudou em alguns momentos de minha vida (como aluna , professor e gestora) e que somo e divido relações e decisões com toda comunidade sempre pensando no melhor e o melhor para mim e oferecer aos alunos uma educação de qualidade para todos.
No primeiro encontro que tivemos neste curso nos foi colocado de uma maneira bastante clara que não era eu a escolhida para o curso e sim a escola onde eu era  a gestora. Assim pude entender melhor a relação que teria entre a aprendizagem e a prática e como a aplicação dos conhecimentos deveria provocar uma transformação prática e real no meu objeto de estudo ou seja a escola Minervina. Logo de inicio tivemos que optar por um eixo de estudo, me lembro bem que fiz uma reunião com professores e membros do Conselho escolar, passei um vídeo sobre a proposta pedagógica “O projeto político-pedagógico e a gestão democrática - Vasco Moretto – YouTube”  e após  mostrarmos a nossa os presentes optaram pela escolha da relaboração da mesma que já tínhamos pois ela tinha caracterização, visão, missão escolar, atendimento pedagógico, projeto, formas de avaliação e condução dos colegiados, formação em serviço, quadro de alunos, funcionários etc
Como já citei em outros momentos, sou gestora de uma escola de tempo integral ou seja, um escola que vê o aluno com uma formação integral onde eles entram as 7 hs tem aulas regulares como as demais escolas, as 11hs saem para o almoço e ficam no pátio até as 12h15min. quando retornam para as aulas das oficinas que acontecem no pátio ou na própria sala de aula. As aulas das oficinas são de reforço de português, matemática, inglês, informática, Ed. Física e sustentabilidade. A saída é as 14h45 min. Analisando esta grade pensamos que os nossos alunos deveriam ter um desempenho superior as  demais escolas que tem apenas aulas regulares mas na realidade isto não acontece.  Assim todas as nossas discussões e reflexões solicitadas nas tarefas desta especialização sempre giraram em torno deste foco. “Como melhorar o desempenho pedagógico de nossos alunos?”.
Como também já citei a comunidade escolheu reelaborar a proposta pedagógica e o curso nos deu uma base de inicio quando trabalhou o diagnóstico e caracterização do município,  do Bairro e da escola e eu que já acompanhei esta escola em vários momentos entendi também muito esta mudança pois quando fui aluna ela atendia a poucos pois na década de 70 e 80 não tínhamos a universalização do ensino como temos hoje. Quando retornei como professora a escola ainda era considerada uma das melhores da cidade.
Em  2010, quando retornei como gestora encontrei uma realidade muito diferente. A escola passou a ser uma escola de Tempo integral em 2006, passou a atender uma clientela de alunos que necessitam deste atendimento integral já que os pais trabalhavam fora, eram crianças que ficavam na rua, sem acompanhamento direto dos pais, os melhores alunos ou os que os pais acompanhavam os estudos não aceitaram o período integral e passaram a pedir transferência, assim ficávamos sempre com os que tinham mais dificuldade. Quanto ao corpo docente também trocava muito anualmente o que dificultava cumprir um projeto ou estabelecer um planejamento e formação a longo prazo. Quanto ao bairro e o pessoal atendido também tinha mudado e muito. Nosso bairro agora não tinha mais crianças e estávamos atendendo a parte periférica do bairro. Tínhamos comunidades formadas por catadores de material reciclável, serventes de pedreiro, domésticas, funcionários de uma Usina e Frigorífico local.
Daí a importância em se fazer um diagnóstico e caracterização real da cidade, bairro e escola. Inclusive a partir disto podemos detectar serviços de atendimento público proporcionado no bairro ou na cidade.  
A partir do momento que retornei fiz uma análise e diagnóstico desta situação que tínhamos e as potencialidades também.
Comecei com o propósito de fazer junto com minha equipe um trabalho diferenciado. Aberta a ouvir e atender a comunidade fomos juntos traçando metas e estratégias para melhorar a realidade que tínhamos.
Considero que a informação é uma grande aliada, a comunidade tinha uma visão que as crianças na escola integral ficavam ociosas a tarde ou faziam apenas o que queriam e não era isto que acontecia. Passamos a divulgar mais as atividades que aconteciam na escola, convidando os pais para conhecer e participar. Abrimos um projeto da mãe voluntária que funciona assim: as mães que podem vir durante o intervalo do  almoço participam olhando e orientando as crianças e eu aproveitava sempre as que viam reclamar do tempo integral , convidando-a para serem mais uma a nos ajudar. E pouco a pouco esta idéia contaminou e se tornou um projeto forte de nossa Proposta pedagógica pois estes pais tornaram-se aliados contando para os demais e para toda comunidade o que acontecia ali dentro. Até hoje pais que são voluntários fazem parte do Conselho, da APM, acompanham reuniões de planejamento e isto nos enriquece pois eles trazem para a escola o que ouvem fora, se tornaram nossos parceiros  e deles já saíram várias idéias que melhoraram em muito a estrutura da escola como lugar de entrada de alunos, escolha de zelador, compra de materiais, voluntários em pequenos reparos, discussão de calendário, atividades culturais e num outro detalhe aprendido neste curso e dos Conselhos escolares (UFSCAR) foi nas discussões pedagógicas pois passamos a acrescentar discussões de cunho de planejamento pedagógico em nossas reuniões.
Para estimulá-los fazemos a apresentação dos que entram para a equipe, batemos palmas para o filho e a mãe voluntária,  damos uma camiseta diferenciada e muitos vem agradecer a oportunidade de estar ali inclusive colocando que mudaram a visão que tinham do funcionamento da escola a partir deste acompanhamento. 
Outra ação nossa foi visitar as EMEIs que repassavam os alunos para nós para explicar o funcionamento da escola de Tempo Integral, pois quando lançavam as listas dos alunos para nossa escola os pais já começavam a pedir transferência antes mesmo de conhecer a escola apenas pelo fato de ser integral.
   Alinhado a isto também reavaliamos nossa prática durante o intervalo do almoço que era onde aconteciam mais problemas com brigas, acidentes etc. Compramos mais jogos e brinquedos, bancos e mesinhas, mesa de pimbolim, quadro mural de avisos orientamos nossos inspetores para que todos estivessem no pátio e atentos as necessidades das crianças,  trocamos o sinal por música, organizamos a entrada de alunos, som etc isto na parte estrutural. Na parte pedagógica o acompanhamento das aulas e projetos foram intensificados, ajustando-os as necessidades de se atender o currículo do estado de São Paulo que é o PLE (Programa Ler e Escrever) e EMAI.
Implantamos também uma agenda própria da escola onde colocamos a síntese de nossa proposta pedagógica, caracterização da nossa escola e da equipe gestora, calendário escolar, perfil do aluno atendido e é nela que passamos todos os comunicados da escola e que os pais também passam as informações necessárias ao  professores.
    Um outro  ponto foi uma parceria com a prefeitura, abrimos a escola para atender o projeto “escola aberta” onde professores de educação dão  treinamento de vôlei e futsal após as aulas ou seja os pais que saem mais tarde deixam seus filhos com atendimento até as 17 hs. 
Completando a escola Minervina atende 300 alunos do ciclo I do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano. Temos cerca de 35 professores e destes apenas 6 são efetivos os demais são estáveis (categoria F) e contratados por tempo determinado. Os professores que dão aulas nas oficinas são na sua maioria escolhidos por perfil e análise de currículo mas atualmente passamos por um período de pouca oferta de pessoal habilitado para a docência o que torna mais difícil nossas escolhas, diante disto investimos na formação em serrviço. 
Bem tentei passar um pouco da realidade da escola Minervina para entendermos nosso plano de intervenção que foi centrado e baseado também em nossas avaliações externas que até o ano passado nos colocavam num IDESP (índice de desenvolvimento da educação do estado de São Paulo) muito baixo. Nossos alunos sabiam apenas o básico que deveriam saber das expectativas esperadas para a série de cada um. Em reunião de escolha de Plano de intervenção a coordenadora colocou nossa deficiência na fluência leitora, produção de texto e resolução de situações problemas e que todas indicavam que deveríamos investir em projetos de leitura para trabalhar a interpretação com nossos alunos,  estimular os professores a relacionar os conteúdos estudados fazendo também a relação com as oficinas, formação dos professores em ATPCs, maior envolvimento dos pais nas questões pedagógicas e na aprendizagem dos filhos, alfabetizar todos os alunos até o 3º ano, que os alunos aprendam as expectativas requeridas para sua série e enfim que nossa escola ofereça uma educação de boa  qualidade para todos os alunos.
A implantação do plano de intervenção é parte do nosso projeto político pedagógico e já está sendo feita através do acompanhamento pedagógico nas aulas, observação das rotinas e formação nas ATPCs.
Como resultado positivo do curso colocaria a aproximação com a comunidade escolar, transparência das atividades desenvolvidas e participação  que cresceu ainda não é a esperada, temos muito que melhorar pois os pais precisam aprender a falar e opinar mais mas sentimos que estamos no caminho pois estamos participando a todos das ações ocorridas nesta escola através do nosso Blog que se tornou um ótimo canal de divulgação e informação.
Coloco como negativo querer colocar em minhas reuniões com outros diretores a importância da participação da comunidade, da gestão democrática e ser ainda tão criticada nesta postura. 
A luta é árdua, temos também uma legislação a nosso favor pois na Resolução SE 52, de 14-08-2013 temos o perfil requerido pela Secretaria Estadual de educação de são Paulo, que entre as competências e habilidades requeridas para os profissionais da educação diretor de escola diz:
 DIRETOR DE ESCOLA 1. PERFIL Como dirigente e coordenador do processo educativo no âmbito da escola, compete ao Diretor promover ações direcionadas à coerência e consistência de um projeto pedagógico centrado na formação integral dos alunos. Tendo como objetivo a melhoria do desempenho da escola, cabe-lhe, mediante processos de pesquisa e formação continuada em serviço, assegurar o desenvolvimento de competências e habilidades dos profissionais que trabalham sob sua coordenação, nas diversas dimensões da gestão escolar participativa: pedagógica, de pessoas, de recursos físicos e financeiros, de resultados educacionais do ensino e aprendizagem. Como dirigente da unidade escolar, cabe-lhe uma atuação orientada pela concepção de gestão democrática e participativa, o que requer compreensão do contexto em que a educação é construída e a promoção de ações no sentido de assegurar o direito à educação para todos os alunos e expressar uma visão articuladora e integradora dos vários setores: pedagógico, curricular, administrativo, de serviços, das relações com a comunidade. Compete, portanto, ao Diretor de Escola uma atuação com vistas à superação de condições adversas ao desenvolvimento de uma educação de qualidade, ou seja, centrada na organização e desenvolvimento de ensino que promova a aprendizagem significativa à formação do aluno: pessoal, social e para o mundo do trabalho.
Bem, este parágrafo, veio sintetizar tudo que vimos durante este curso de formação, assim sendo a formação obtida foi muito positiva pois nas disciplinas de oficinas tecnológicas, fundamentos do direito a educação, políticas e gestão na educação, planejamento e práticas na gestão escolar e tópicos especiais tivemos a oportunidade  de refletirmos através dos textos a nossa prática e como melhorá-la.
O foco sempre foi o Projeto político pedagógico e em uma das discussões tive a chance de colocar que quando ele começou a ser exigido na década de 90 eu era professora desta mesma escola onde hoje sou gestora e o diretor pediu que eu o  escrevesse sozinha e eu fiz um apanhado de tudo somente para cumprir a legislação e entregamos e hoje em 2015 quase 20 anos se passaram para somente agora começarmos a entender que este documento não deve ser algo feito e engavetado  que ele traz a essência da escola, a identidade institucinal e deve ser debatido e vivenciado com todos que dela fazem parte.
O prof. Vasco Moreto nos diz sobre o PPP: Dinâmico e flexível, o projeto Político-pedagógico se realiza à medida que as pessoas vivenciam o dia a dia da escola. Resultado de uma construção coletiva, o projeto político pedagógico
expressa o compromisso social da escola na formação da cidadania e os princípios orientadores para as ações educativas no contexto escolar. As constantes mudanças sociais e culturais do nosso tempo exigem novas respostas à questão: que cidadão queremos ajudar a formar e para que tipo de sociedade?
(https://www.youtube.com/watch?v=quQqZVR8v_g).
Freitas (1991), também nos coloca que pensar num PPP não é uma tarefa fácil, todos os membros da escola são co participantes, que a proposta não deve vir pronta e imposta pelos órgãos centrais da administração ela deve ser construída com o real. 
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de correlações de força – às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que nascer no próprio "chão da escola", com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola. (Grifos do autor) (Freitas 1991, p. 23)
A Resolução SE 52/2013 ainda traz como perfil requerido aos diretores do estado de São Paulo, relacionadas a construção do Projeto político Pedagógico:
COMPETÊNCIAS e) Compreender a importância da construção coletiva da proposta pedagógica da escola, com base na gestão participativa e democrática. HABILIDADES e.1) Dialogar, com a comunidade interna e externa para promover articulação entre ambas em favor da melhoria da qualidade da educação. e.2) Empreender ações de planejamento, construção e avaliação da Proposta Pedagógica e ações da escola, de forma participativa, com o envolvimento dos diferentes segmentos intra e extraescolares. e.3) Definir, coletivamente, as prioridades e metas a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. e.4) Desenvolver capacidades de coordenar as equipes para o trabalho coletivo e estimular o desenvolvimento profissional e a responsabilidade pelos processos educativos e resultados do trabalho escolar. e.5) Coordenar e articular equipes, pessoas e recursos para a elaboração, execução, acompanhamento e avaliação da proposta pedagógica da escola. e.6) Apoiar e incrementar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola que integre conhecimentos de nível institucional, organizacional, operacional. e articulação de esforços direcionados aos objetivos da proposta pedagógica da escola. e.8) Estimular parcerias, com vistas à otimização de recursos disponíveis na comunidade. 2.2.1 Gestão Pedagógica a) Construir e atuar, coletivamente, e na observância de diretrizes legais vigentes as normas de gestão e de convivência com todos os segmentos da comunidade escolar.f) Analisar os indicadores para subsidiar a tomada de decisões com vistas à melhoria da Proposta Pedagógica, definição de prioridades e de metas articuladas à política educacional da SEE-SP.

 Enfim, este curso foi muito positivo mas só será realmente válido se refletir sobre nossa prática dentro de nossas escolas e no trabalho da busca pelo oferecimento de uma educação de qualidade para todos, este deve ser o compromisso coletivo estabelecido.
   Bibliografia
 FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra proferida no V11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo Hamburgo, agosto de 1991 (mimeo).



2 comentários:

  1. Realmente a escola Minervina está aberta a comunidade, penso que ainda não estão habituados a se manifestarem, mas está sendo progressiva a participação dos mesmos. Temos esperança, pois são muitos os nossos esforços, que a nossa escola possa progredir nas avaliações externas.

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    1. Estamos no caminho certo, Com boas parcerias envolvendo família, comunidade e profissionais comprometidos conseguiremos a formação integral do aluno.

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